Bolsonaro no STF: veja como foi a fala do ex-presidente sobre golpe, urnas e militares
Sessão conduzida por Alexandre de Moraes durou cerca de duas horas; Bolsonaro negou trama golpista, pediu desculpas por críticas e fez convite inusitado ao ministro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) depôs nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF), na ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022. O interrogatório, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, dura cerca de duas horas e foi marcado por negativas, justificativas e até um momento inusitado entre os dois.
Durante a audiência, Bolsonaro afirmou que não houve plano para ruptura institucional e tentou se desvincular dos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele também reafirmou críticas às urnas eletrônicas, disse que as conversas com militares foram “informais” e pediu desculpas por declarações feitas contra ministros do STF e do TSE.
Veja como foi a fala do ex-presidente em nove pontos:
1. Negativa de golpe e de ameaças
Bolsonaro nega que tenha participado de qualquer articulação golpista e afirma que as Forças Armadas não aceitariam cumprir ordens ilegais. “As Forças Armadas têm missão legal. Missão ilegal não é cumprida. Em nenhum momento alguém me ameaçou de prisão.”
2. issão de conversas sobre alternativas ‘constitucionais’
Segundo o ex-presidente, reuniões com militares ocorrem após a rejeição da petição do PL ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tratam de possibilidades dentro da legalidade. “As conversas eram bastante informais. Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para a gente atingir o objetivo que não foi atingido no TSE. Isso foi descartado na segunda reunião.”
3. ‘Não tinha clima’ para golpe
Bolsonaro minimiza qualquer ambiente favorável a um golpe de Estado. “Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer qualquer coisa.”
4. Defesa do voto impresso e críticas às urnas
O ex-presidente volta a questionar a segurança das urnas eletrônicas, elogia sistemas eleitorais de outros países e reforça a defesa do voto impresso. “No Paraguai, no meu entender, é o ideal. Como ou a existir nas últimas eleições até na Venezuela. Nós não podemos esperar que aconteça isso no Brasil para tomar uma providência.”
5. Desculpas a Alexandre de Moraes
Em um gesto de recuo, Bolsonaro se desculpa por declarações anteriores que sugeriam corrupção no Judiciário. “Não tem indícios nenhum, senhor ministro. Me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três.”
6. Isolamento e conversas com militares
Ao falar sobre o período pós-eleição, Bolsonaro relata um momento de vazio pessoal e diz ter procurado generais para conversar. “Conversei sim com militares, de forma isolada, para trocar informações sobre a conjuntura, porque quando você perde uma eleição, é um vazio que o senhor não imagina. Esse vazio muitas vezes era preenchido com visita e conversa amigável entre eu e alguns oficiais generais das Forças Armadas.”
7. Bolsonaro diz que 8 de janeiro não configura golpe
O ex-presidente também nega que os ataques de 8 de janeiro de 2023 se encaixem no conceito de golpe de Estado. “O 8 de janeiro preenche os requisitos para um golpe de estado? Eu acho que não.”
8. Minuta, estado de sítio e clima jurídico
Durante o depoimento, Bolsonaro afirma que a reunião com os chefes das Forças Armadas ocorre após a multa de R\$ 22 milhões aplicada pelo TSE, e que isso abala juridicamente sua campanha. Segundo ele, há quem mencione a decretação de estado de sítio, mas dentro dos limites legais. “Essa multa nos abalou, e o nosso entendimento era de que se a gente viesse a recorrer da multa ou da petição, a multa poderia ser agravada e outras coisas poderiam acontecer.” Ele complementa: “Ou seja, jamais saindo das 4 linhas.” Bolsonaro nega ter discutido o tema com Filipe Martins e diz desconhecer a chamada minuta do golpe.
9. Convite inusitado para 2026
Bolsonaro brinca ao convidar Moraes para ser seu vice em uma eventual candidatura presidencial. “Se o senhor permitir, eu posso mandar as imagens pessoais, como o povo nos trata na rua”, diz. Moraes responde: “Eu declino”. Bolsonaro insiste: “Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 26”. O ministro encerra: “Eu declino mais uma vez.”
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